Justiça dos Estados Unidos contesta legalidade de tarifas; tréguas tarifárias são analisadas; aumento de tarifas sobre aço e alumínio é anunciado
A Diretoria de Mercado Externo da ABIMAQ acompanha com atenção os desdobramentos da política comercial dos Estados Unidos, que voltou a adotar uma postura mais assertiva desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump. Em maio de 2025, duas iniciativas relevantes marcaram a retomada da estratégia “America First”: a imposição de novas medidas comerciais e a assinatura de um acordo com a China.
No dia 1º de maio, foi aberta uma investigação sob a Seção 232 do “Trade Expansion Act” de 1962 para avaliar se as importações de aeronaves comerciais e motores a jato — e seus componentes — ameaçam a segurança nacional dos EUA. A medida amplia o escopo das investigações anteriores e pode gerar efeitos indiretos sobre cadeias industriais que fornecem insumos e tecnologias, afetando inclusive segmentos de alta complexidade como o de máquinas e equipamentos.
Adicionalmente, em 12 de maio, uma Ordem Executiva foi publicada para reduzir os preços dos medicamentos nos EUA. O dispositivo prevê medidas contra países que não ofereçam aos EUA os preços mais baixos sob o princípio da “nação mais favorecida”, o que poderá abrir precedentes para ações comerciais semelhantes em outros setores sensíveis.
Ainda em maio, os EUA avançaram em frentes multilaterais. No dia 8, foram anunciados os termos gerais de um futuro acordo com o Reino Unido, o “U.S.-UK Economic Prosperity Deal”. O acordo inclui compromissos tarifários recíprocos sobre automóveis, carne bovina e etanol, além de discussões futuras sobre cadeias de suprimento críticas e regras de origem, podendo influenciar estratégias logísticas e comerciais de exportadores de bens industriais.
Em relação à China, em 11 de maio, a Casa Branca anunciou um acordo após dois dias de negociações em Genebra. As partes concordaram em suspender por 90 dias 24 pontos percentuais de tarifas adicionais, mantendo uma tarifa de 10% sobre os produtos afetados. O acordo também prevê a retirada de tarifas anteriores e de contramedidas não tarifárias, além de um mecanismo de consultas para futuras disputas.
Além de preocupações internacionais, as tarifas passaram a ser contestadas internamente. Em 28 de maio, a Corte de Comércio Internacional dos EUA declarou ilegais as tarifas impostas sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, determinando sua revogação em até 10 dias. O governo Trump apelou, alegando que a revogação prejudicaria a política externa e a segurança nacional. As tarifas foram temporariamente restabelecidas enquanto o recurso é analisado.
No fim de maio, Trump anunciou o aumento das tarifas sobre importações de aço, que passaram de 25% para 50%. A expectativa é de que medida semelhante seja adotada para o alumínio. Tais ações e a continuidade das investigações demonstram que os EUA seguirão utilizando sua política comercial como uma ferramenta estratégica.
Para o setor de máquinas e equipamentos, que busca maior inserção em cadeias globais e depende de previsibilidade nos fluxos comerciais, o atual ambiente requer atenção redobrada. A integração com mercados como China, Reino Unido e EUA permanece estratégica, mas estará cada vez mais condicionada à adaptação a um cenário regulatório mais rígido e sujeito a variações políticas e comerciais.