Com mais de 4 mil atendimentos por doenças respiratórias em 2025, hospital destaca os impactos das queimadas e da baixa umidade, e orienta sobre cuidados preventivos
Unidade orienta a população sobre a importância da prevenção para reduzir casos de doenças respiratórias durante o período de seca. (Foto: IMED).
Com o avanço do período seco em Goiás, que costuma se intensificar entre maio e setembro, o Hospital Estadual de Formosa (HEF), unidade do Governo de Goiás, acende um alerta para os riscos à saúde causados pelas queimadas e pela baixa umidade do ar. De janeiro à 15 junho de 2025, a unidade registrou 4.662 atendimentos relacionados a doenças respiratórias, com 2.065 ocorrências apenas entre 1º de maio e 15 de junho, o que representa um aumento expressivo comparado aos meses anteriores.
Além das mudanças climáticas naturais da estação, o crescimento de focos de queimadas urbanas e rurais tem agravado ainda mais a qualidade do ar. Em muitos casos, os incêndios são provocados por ação humana, prática comum em terrenos baldios, lotes desocupados ou para limpeza de áreas agrícolas e rurais, mas que traz sérias consequências para a saúde pública e para o meio ambiente.
Para a enfermeira Karolina Reis, coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) do HEF, o clima seco e o aumento das queimadas impactam diretamente a saúde da população, especialmente de grupos mais vulneráveis. “A combinação entre clima seco, poluição e queimadas afeta diretamente a saúde da população. Crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças respiratórias crônicas, como asma, DPOC e rinite alérgica sofrem mais nesse período. A fumaça gerada pelas queimadas contém substâncias tóxicas e partículas finas que penetram nas vias aéreas, provocando crises, inflamações e até internações. Precisamos da colaboração da população para denunciar queimadas ilegais e adotar medidas de prevenção”, reforça a profissional.
Já para o coordenador médico do Pronto-Socorro do HEF, Dr. Wanderson Sant’Ana, os efeitos das queimadas não são apenas imediatos, como tosse e irritação ocular, mas também podem desencadear quadros graves. “A fumaça afeta não só o sistema respiratório, mas também pode desencadear reações alérgicas, piorar doenças cardiovasculares e até causar intoxicação em casos de exposição prolongada. Além disso, aumenta a demanda nos serviços de urgência e emergência, que precisam atender pacientes em situações mais delicadas. É fundamental que as pessoas se protejam e fiquem atentas aos sintomas, principalmente dificuldade para respirar, chiado no peito e tosse persistente”, afirma o médico.
Cuidados com a saúde no clima seco
Durante a estiagem, é essencial adotar medidas simples, mas eficazes, para proteger a saúde. Beber bastante água ao longo do dia ajuda a manter a hidratação do corpo e das mucosas nasais e pulmonares. Evitar exercícios físicos em horários de forte calor, manter janelas abertas para circulação do ar e utilizar umidificadores ou toalhas molhadas nos cômodos também são práticas recomendadas.
É importante ainda evitar o acúmulo de poeira, manter a casa limpa e fazer a lavagem nasal com soro fisiológico diariamente, especialmente em crianças e idosos. O coordenador do PS do HEF reforça que esses cuidados devem ser incorporados à rotina. “A prevenção é o melhor caminho. Quem já possui problemas respiratórios deve manter o acompanhamento médico em dia e seguir as orientações de uso de medicações controladas. Ao surgirem sintomas como falta de ar, chiado, olhos ardendo ou cansaço ao realizar atividades leves, a recomendação é procurar atendimento médico o quanto antes. Com o agravamento da seca, precisamos redobrar os cuidados”, alerta o médico.
O HEF reforça que as queimadas são crime ambiental e devem ser denunciadas aos órgãos competentes. Além de colocarem vidas em risco, contribuem para a degradação ambiental, perda de biodiversidade e elevação da poluição atmosférica. A responsabilidade pelo bem-estar coletivo deve ser compartilhada por toda a sociedade.