Médico alerta que o cinto de segurança mal posicionado pode causar hemorragias e danos a órgãos em caso de acidente
O cinto de segurança, essencial para salvar vidas no trânsito, pode se transformar em um risco para crianças quando usado de forma incorreta. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso correto do cinto de segurança e dos sistemas de retenção infantil pode reduzir em até 70% o risco de morte em acidentes de trânsito envolvendo crianças.
O cirurgião do aparelho digestivo e especialista em parede abdominal Cássio Gontijo comenta o perigo de lesões internas causadas pelo uso incorreto do cinto, especialmente em crianças que não utilizam os dispositivos adequados. “O cinto mal posicionado pode causar lesões severas na parede abdominal e até em órgãos internos. Em uma colisão, ele age como uma linha de força concentrada em áreas extremamente frágeis do corpo infantil”, afirma o médico.
De acordo com o especialista, sem o uso de cadeirinhas ou assentos de elevação, muitas crianças acabam ficando com o cinto transversal na altura do pescoço ou o cinto abdominal pressionando diretamente a barriga. “Em caso de acidente, o impacto pode causar desde hematomas e rompimentos musculares até danos em órgãos como fígado, baço e intestinos”, afirma o especialista.
O uso inadequado dos dispositivos de segurança é mais comum do que se imagina, especialmente entre crianças menores. “É muito frequente ver crianças presas apenas pela cintura, porque tiram os ombros do cinto ou usam de forma errada o cinto de três pontas. Isso é extremamente perigoso, o cinto deve estar ancorado corretamente na pelve e posicionado sobre o ombro e nunca na região do pescoço ou da axila”, alerta o cirurgião.
Além de machucados imediatos, o mal posicionamento do cinto pode provocar lesões graves e permanentes. “Em uma colisão, o cinto sobre o abdômen pode causar trauma nos intestinos, rins, vasos sanguíneos e até fraturas na coluna. Já vi casos de crianças com hérnias abdominais de difícil correção, com perda muscular na região atingida. É algo que poderia ser evitado com um simples ajuste no cinto”, afirma.
Dicas para proteção:
Use sempre cadeirinha ou assento de elevação adequado à idade e ao peso.
A faixa do cinto deve passar pelo meio do ombro, nunca pelo pescoço.
O cinto abdominal deve ficar sobre o quadril, não sobre a barriga.
A criança deve estar com as costas encostadas no banco, sentada corretamente.
Nunca deixe a criança usar o cinto por baixo do braço ou atrás das costas.
A supervisão dos responsáveis é primordial para evitar incidentes, e a atenção em “trajetos rápidos”. “A maioria dos acidentes graves acontece perto de casa, e os cuidados precisam ser mantidos”, completa.